terça-feira, 24 de junho de 2008

Por que falar em teologia?

Há muito deixei de escrever sobre teologia- mas não deixei a teologia sair de mim. Talvez, praticamente (não teoricamente), tenha me envolvido com, a tão dita, teologia secular. Entretanto, voltar ao campo teórico se fez necessário. Pelo menos para mim, para compor o esboço da idéia...

Caminhei fuçando à internete, conversei com professores de teologia e, de fato, estamos num momento de releituras. Tanto protestante, como católica. E quero ser bem direto aqui, como LUTERANO, ao dizer protestante, excluo toda a manifestação sectária, que envolva qualquer tipo de renovação carismática- pentecostal. Seja dentro do próprio luteranismo ou qualquer outra vertente histórica do cristianismo. Faço assim, pela razão prática da coisa; é bem funcional mesmo. Nas vertentes carismáticas, pentecostais ou neopentecostais, não há reflexão que aponte releituras, há práticas de ascese; tais não são críticas, ou nada refletem no campo teórico para uma releitura possível.

Mas, a igreja reformada clássica, sim, veio propondo uma "razão" cristã. Como os católicos, também, têm proposto uma releitura cristã da modernidade. E, o alvo é exatamente o humanismo-secular. Parece-me, e não estou sendo duvidoso, que tal releitura conclama o séc. V, da era cristã- mais precisamente, um autor, que agora se faz comum na epistemologia da coisa: Santo Agostinho.

A questão é simples, a abordagem é teocêntrica. O homem é IMAGEM de Deus. Isto quer dizer, que não são alguns atos que ele pratica que são semelhantes aos atos te Deus- pelo contrário- o homem vive- e portanto existe, se existe assim ele é, em outras palavras, ontologicamente, o homem, em toda sua constituição, só é imagem e semelhança de Deus. Tudo que ele faz, pensa, é; assim se procede imediatamente porque Deus faz, pensa e é.

Um problema imediato surge nesse pensamento; Deus é bom (não pratica o mal), o homem é imagem de Deus, ontologicamente estabelecido, como, pois, o homem é dado ao mal?

Na mesma concepção ontológica, o mal assumiria o, imediatamente, pólo contrário. O mal não é. Ou seja, o mal é a ausência do bem, ou a privação do mesmo. Desta feita, o mal não se encontra em substancialidade. O homem haveria rejeitado o bem, privando em si mesmo a pontencialidade de sua natureza. Outrora, com o livre- arbítrio o homem pôde "escolher" sua natureza. E fazendo mau uso dele (livre- arbítrio), inverteu seu estado- subordinou sua alma à matéria, esvaindo-se no não-ser.

O livre-arbítrio seria uma categoria prática; entre decidir coisas imediatas, como fazer ou deixar de fazer. Entretanto na esfera metafísica- O livre-arbítrio não tem capacidade de eleger para si o bem com suas próprias forças. Antes da queda o homem tinha a possibilidade de eleger o bem, depois da queda o homem não tem a possibilidade de fazê-lo. Retornando às origens divinas é impossibilitado de per si.

Destarte, os sentidos são importantes na antropologia filosófica agostiniana. Muito embora haja um demérito platônico dos mesmos sentidos ao conhecimento racional, admite, Agostinho, que os sentidos, como o intelecto, são fontes de conhecimento. E como para a visão sensível além do olho e da coisa, é necessária a luz física, do mesmo modo, para o conhecimento intelectual, seria necessária uma luz espiritual.

Em suma,
para Agostinho, a fé e a razão complementam-se na busca da felicidade e da beatitude. A beatitude, para ele, não é alcançada por procedimento intelectual, mas por ato de intuição e fé. Mas a razão se relaciona com a fé no sentido de provar a sua correção. Ou seja, a fé é precedida por certo trabalho da razão e, após obtê-la, a razão a sedimenta.

A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé.
É necessário compreender para crer, e crer para compreender. Portanto, a razão precisa de ser iluminada , essa iluminação é revelada, vem de Deus. Aqui se faz a releitura de que falei, tanto seguimentos reformados, como católicos vem propondo uma filosofia cristã , iluminada pela revelação em demérito da razão. O humanismo secular diz de uma razão autônoma. Para a releitura no cristianismo, em Agostinho, isso é loucura. Pois não permite o autoconhecimento, que é principio da verdade estabelecida.

Em outras palavras: O homem tem vontade- sua vontade é ontologicamente contaminada pelo pecado- há a ausência do bem- o homem é mau. Entretanto, os sentidos humanos, sua forma de se relacionar com as coisas extrínseca, sua capacidade de sentir- e seus próprios sentidos o apontam para algo fora de si. Assim o homem deposita suas esperanças, relaciona, adora, ama. Ao ter seus sentidos apontados para o belo, o bem, percebe, pela fé, timidamente, que há algo superior, ocorrendo a iluminação divina da razão, percebe Deus e com este se relaciona. Agora não apenas por um sentido, mas pela razão iluminada pela revelação, sedimentada. O pleno conhecimento!

O desdobramento epistemológico disso é a tripartição do homem em "períodos" existenciais: Criação, queda, redenção. E a conclusão final é: O mundo subsiste através da graça comum. O homem em seu estado corrompido não sabe potencializar o bem, vive na idolatria, e não cumpre sua função cultural estabelecida por Deus. O cristão é o remido, vive sob a graça especial, não a comum. Antes, na criação, o homem podia pecar, na queda, não podia não pecar, na redenção, o homem pode não pecar. Assim o papel dos que vivem na redenção é submeter a cultura ao conhecimento verdadeiro. Este conhecimento advém do autoconhecimento, pela verdade revelada que iluminou a razão.

Assim a Igreja católica critica a modernidade, como linhas do Protestantismo reformado também, aproximando o discurso do papa com tais igrejas históricas. E, fechando o espaço para a diversidade, pois a postura é única: a cultura comum é contrária a Deus; sua manifestação e vontade, como não podem destruir a Deus, autodestroem-se pela ausência de Deus- do bem.

domingo, 22 de junho de 2008

Aproveitar as oportunidades


Bom, tenho um pequeno livro que certa vez comprei por um preço, que se pode dizer insignificante, comparado à força que geralmente ele costuma me prestar. Este pequeno livro é um compêndio de pensamentos positivos.

Hoje, após grande introspecção enquanto retornava de uma cidade pequena da região, onde morá minha avó, dirgindo, enquanto todos dormiam, pensei sobre muita coisa, em todo tipo de coisa.

Ao chegar em casa senti necessidade de abrir este livrinho mágico, que me trouxe uma frase muito interessante:


"É praticamente uma lei na vida que, quando uma porta se fecha para nós, outra se abre.
A dificuldade está em que, frequentemente, ficamos olhando com tanto pesar a porta fechada, que não vemos aquela que se abriu" (Andrew Carnegie)

Este pensamento me fez rever muitas coisas que estava pensando redundantemente e de forma precipitada.

Acho que sempre fico tentando reabrir as portas que se fecharam e acabado ignorando as outras que se abriram. É o pecado que estou cometendo, mas que quero mudar a partir de agora.

A vida é constante transformação. Passo a pensar, agora, que devo me atentar mais para as coisas que surgem ao redor. Uma porta que se fechou não abre mais... Tenho que parar de lamentar... a porta que quiser se reabrir que o faça por si só e se mostre... quero conseguir superar... to aprendendo a me amar, mais e mais...

Costuma ser árduo o caminho para aprender onde pisar. Geralmente eu sempre caio primeiro. Entretanto, minha força pra levantar tem que ser cada vez maior para seguir em frente.

Devo conquistar as oportunidades estas portas que estão se abrindo me oferecem.


Bom é isto.. ehehe

Mais um desabafo nesta interessante experiência de ter um blog.

Introspectivo...


Hoje estou num daqueles dias chatos em que sinto o peso do mundo na minha mente. Sigo pensando em todas as coisas possíveis e impossíveis que tornam a vida neste mundo tão paradoxal e de difícil entendimento.

Um vazio pertubador costuma me invadir, principalmente quando tento entender o porquê de tanta superficialidade em tudo... As pessoas não estão mais sentindo... tudo está girando em torno de prazeres temporários, transitórios, incertos... As pessoas não têm respeitado a si mesmas, quem dirá aos semelhantes.

Tudo está em plano material. A busca é incessante por um padrão material considerado bom. O velho e certo ditado "nunca julgue um livro pela capa" tem sido cada vez menos utilizado. Nunca o ser humano se esqueceu tanto do valor que pode ter o outro. É apavorante como se analisa cada vez mais de forma objetiva (predominantemente material) cada indivíduo, do que o seu real valor, que é a análise do seu caráter, sua postura como pessoa.

Sinto falta de ver sorrisos verdadeiros... Sinto falta de ver a vida além das aparências... Sinto falta de ver as pessoas sem medo de tentar ser feliz, mesmo que seja um pouco arriscado alcançar o sofrimento...

Tanta coisa de difícil de entender...

Não desejo que todos se amem incondicionalmente, visto que a prática já mostrou ser algo impossível.

Não almejo o "Amem-se uns aos outros como a si mesmos".. Ao menos um "Repeitai-vos uns aos outros..."

ENFIM, ACHO QUE SÓ A VIVÊNCIA PODERÁ ME ENSINAR UM POUCO MAIS DA VERDADE DO MUNDO DOS HOMENS... MAS MESMO QUE EU A COMPREENDA, MESMO QUE CHEGUE A APRENDER A LINGUA DOS ANJOS, NADA SEREI SEM O AMOR


Sinto falta de sentir...

A vida sem emoção não passa de racionalidade... Somos seres que pensam e sentem... não há porque ficar só no pensamento... O sentimento é essencial!

sábado, 21 de junho de 2008

Eu, gripado!


Bem, depois de tanto tempo, ela está de volta, a gripe! Tinha uma data que eu não me encontrava nesse estado calamitoso. Dói o corpo, a tosse é chata e os espirros contínuos... Quem me conhece sabe: EU DETESTO FICAR NA CAMA! Salvo, se for bem acompanhado, o que não é, definitivamente, o caso.

Portanto, essa noite promete... como promete:


Ficar na cama;
debaixo das cobertas;
espirrando;
tossindo;
com o corpo dolorido.

Amanhã não jogarei meu futebol, não irei ao clube e suportarei os amigos me contando as aventuras por telefone, enquanto morro de inveja querendo estar com eles! E me acabo de sono por não ter dormido bem à noite por causa da tosse.

Mas a vida é assim, fazer o quê? A não ser espirrar e tossir... (Prefiro não comentar!)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Família

Por falar em família, não posso deixar de pensar no ideal que envolve esse termo. Por convenção se aceitou, que ela, a família, é a célula mater da sociedade. O modelo família feliz é eternizado no pensamento do homem, com toques cristãos de santidade; objeto a ser alcançado, ou, ainda, consagrado. Uma família feliz, poderia pensar a lógica, é fruto de homens e mulheres maduros e estruturados. Entretanto, a coisa não funciona assim... Muitos cristãos conservadores saem à defesa da família, entretanto, o mal moderno também é fator gerado nos núcleos desse modelo social.

As disputas, o egoísmo, o narcisismo, a inveja e uma série de outros sentimentos estão envoltos no núcleo familiar. E, por como tabu, não são trabalhados nos indivíduos, que crescem indiferentes a si mesmos, às suas famílias e aos outros. Na família, como em Alice nos país das maravilhas, o mundo encantado não pode ser destruído... Os temas infelizes das pessoas, como: angustia, frustração, baixo-estima e tantos outros são disfarçados aos olhares de todos. A santidade que reina é demoníaca! Afinal, as pessoas que convivem não vivem, apenas desejam, tacitamente, o aniquilamento do outro, enquanto disfarça numa atitude dissimulada suas verdadeiras pretensões. Esses mesmo indivíduos trabalham, freqüentam o meio social e trazem nele o reflexo de suas neuras e comportamentos mal resolvidos.

Desta feita, penso que uma imagem, que poderia retratar bem aquilo que estou pensando, seria essa aqui, desta foto! Eis a família feliz... Um homem nu, fazendo pose como se estivesse à frente do espelho, vislumbrando seu próprio ego narcisista, e uma mãe com a filha no colo, também nuas, espancando sua filha por ciúmes do marido. O fato da nudez reflete, ou pode ser interpretado como, os personagens sem as máscaras sociais da aceitação e do disfarce do sentimento, que para muitos é sombrio, mas cultivado no seio da célula mater. Assim, a família moderna e feliz se estrutura pela ausência e indiferença do masculino, e pela parcialidade feminina, manipulando a relação e descontando suas frustrações.

Sendo assim, poderia dizer: "EU TENHO MEDO!"

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O homem nu

Minha paixão pela literatura começou cedo, não serei hipócrita, não é todo livro que gosto de ler. E nem toda literatura considerada boa pelos críticos, ou pela academia me seduz. Escrever é uma arte e, como toda arte se faz manifesta pelos gostos e prazeres, primeiro individual de cada artista, depois, meio que coletivo, dos que apreciam a arte produzida e dela se fazem admiradores, mas nunca unânime. Assim cultivei meu gosto pela literatura, não gostando de tudo que literário, simplesmente, por ter indicação de grandes nomes ou fazer parte do roteiro de estudos para as provas das chamadas Universidades Federais...

Entretanto, meu gosto pousou, em particular, em dois autores: Fernando Sabino (O encontro marcado foi o primeiro livro que li- não por obrigação escolar, mas porque quis ler!), e Roberto Drummond. Os dois guardam um aspecto particular- a mineiridade, o regionalismo bucólico que nos transporta às páginas dos livros à capital mineira. Isso mexeu comigo! ao ver retratados nos escritos ruas dos bairros Santa Tereza, Floresta, Santo Antônio, e inúmeros lugares aqui da cidade. Esses pequenos detalhes me inspiraram, e prederam minha atenção naquilo de belo que eles tinham à comunicar.

O homem nu é uma crônica de Fernando Sabino, que relata as manobras de um casal tentando fugir de um cobrador, por não terem, naquele dia, dinheiro para honrar seus compromissos com as prestações. Mas que por um lance do acaso, o homem devedor fica preso, nu, ao lado de fora de seu apartamento- angustiado pelo seu estado in natura e, atormentado com o cobrador que virá para sanar aquilo que lhe é de direito. E, como desgraça pouca é bobagem, no final tem a surpresa irônica!

Na verdade, o texto me chama atenção simplesmente pelo fato das pessoas gostarem de ficar nuas! Ainda, a pouco tempo falei sobre isso...

O homem foi pegar o pão pelado, na crônica, e ficou preso do lado de fora de seu apartamento. O ato insano traz a adrenalina, a emoção de viver entre o limite do proibido (é defeso só se pegarem) e a vontade de romper o limite(cometer o ato em si)... Era só uma idinha para fora dos "muros", ninguém veria, era muito cedo, seria algo rápido e, no final, prazeroso! Entretanto, a porta bateu e o deixou preso do lado de fora, num estado natural, na possibilidade real de ser descoberto- de cometer de fato (só se descobrirem) o ilícito.

Também a ironia- uma vez que o homem nu está angustiado por estar nu e, possivelmente exposto, mas, ainda preocupado com a chegada do cobrador. Brilhantemente, a proibição se mostra hipócrita; não é errado mentir e enganar, o errado é estar nu! a inversão de valores, na moral moderna é denunciada de forma sutil ( o escândalo da vizinha chamando a polícia). Enganar e mentir não seria tão inescrupuloso (mesmo que prejudicando ao outro), como estar nu. Dessa forma, Sabino não deixa o aventureiro insano de sua crônica passar ileso, no final vindo a surpresa e o espanto! O devedor prefere atender a polícia do que receber em sua casa o credor e explicar-lhe os motivos, tão de início proposto por sua companheira.

Assim, concluo: ainda preferiria estar nu, do que manobrando o direito dos outros para benefício ilícito. O que muitos gritariam: "você está louco?"

RELACIONAMENTO E SEU TRISTE FIM


Não é fácil para ninguém superar o término de um relacionamento. Geralmente, as questões envolvidas são complexas, confusas, e o significado remete à perda. A certeza do querer se separar não é objetiva, clara e firme; não é uma questão confortável, livre de impedimentos, que leva a atitudes tranqüilas.

Alguém sempre é pego de surpresa... Mesmo que o relacionamento não esteja bem há algum tempo, um deles é quem traz a notícia – pela melhor percepção, ou pelo esgotamento gerado na situação que se tornou insustentável –, enquanto o outro perde o chão debaixo dos pés, sem saber ao certo o que fazer.

A tese que sustenta o início de um relacionamento é aquela que faz entender o significado que o outro tem: sua importância, seu valor, sua completude na relação a dois. Geralmente, produz um efeito muito “positivo”: a novidade, a alegria, a paixão são elementos formadores do idealismo, de uma “moldura” que já existe em nosso inconsciente e que se encaixa na paisagem “ideal”, ou melhor, idealizada. Isso gera a cobertura dos problemas e dos defeitos de cada um.

A antítese é a negação desse idealismo. É o perceber que a paisagem, na verdade, destoa da moldura, que o relacionamento tomou caminhos duvidosos – e que talvez seja melhor não permanecer juntos. Aquele(a) outro(a) não completa mais, não é cúmplice, não é parceiro(a).

Daí, quando se termina o relacionamento, é preciso lidar com o fracasso pessoal, pois, em última análise, cada qual é responsável pelo desenrolar daquela situação, da figura emoldurada, idealizada e desgastada, pela falta de percepção pessoal, ainda que não quisesse aquele fim.

A síntese é a superação. Aquele que pede o término sofre pela responsabilidade de ser o “causador” do mal (ainda que não seja o único responsável). O outro também sofre, seja porque se sente dispensado, seja porque ainda gosta e não consegue encarar a situação de forma final. Perguntas do tipo “por que comigo?” ou “o que fiz de errado?” ecoam como verdadeiras bombas arrasadoras da auto-estima, do ego.

A fragilidade emocional e o encarar das conseqüências é um fardo pesado nessa hora. Afinal, já não se possui mais aquilo que era habitual: dividir assuntos, alegrias, tristezas. Aliás, a tristeza agora faz parte do outro como causador, ou como atitude causada. Enfim, a outra pessoa agora é parte da tristeza.

Ninguém deixa de gostar de alguém porque quer. O relacionamento e seu desgaste é que conduzem ao fato. Entretanto, é difícil encarar a responsabilidade individual pelo término. Geralmente, o outro sempre é culpado, é o vilão. A responsabilidade nunca é dividida, partilhada.

A superação se dá no momento em que se encara a realidade, e o quanto antes: o relacionamento findou. Eis o fato. Todavia, isso não é simples.

Por mais que o racional nos aponte a realidade fria, o emocional precisa de tempo para elaborar o luto pela perda do ente amado, e esse processo não é fácil. Várias pessoas sofrem durante anos por aquele relacionamento que ficou marcado na vida, mesmo que se apaixonem depois por outra – e isso, muitas vezes, impede que prossigam na vida, vivendo plenamente o outro relacionamento.

Isso acontece por alguns motivos oriundos da primeira fase: a questão de quanto se idealizou o outro, fazendo dele alguém que ele não era – e agora se torna difícil abandonar a idéia da “pessoa perfeita”; a questão do investimento e a sensação de tempo perdido, do lucro exaurido, bem como a tentativa de manter o status quo, esperando que as coisas voltem a ser como antes, devido à resistência às mudanças; a questão da dificuldade de ser “abandonado(a)”, rejeitado(a) e, portanto, a dificuldade em dizer um NÃO, de uma vez por todas, ao relacionamento que se foi.

Há também a questão da cisma, do sofrer escandalosamente, do chorar, do relembrar obsessivamente, sempre com um excesso imaginativo, supervalorizando as situações que nem sempre ocorreram daquela forma – mas que, pelos significantes, ganharam significados que não são desconstruídos facilmente.

Por último, a questão do nunca amar de novo, de não encontrar nenhum outro relacionamento que dê segurança. Aí, entra o problema do amor próprio: alguém que não está mais sendo amado e insiste em um sonho fracassado mostra que não está se amando. Se não se ama, não sabe o que é amor e, por isso, não pode amar o outro.

Portanto, superar é se dar uma nova chance, arriscar-se novamente, reconstruindo os valores, a auto-estima, fazendo aquilo que se gosta sem se punir por assim fazer, mesmo que se esteja só – mas fazer para si mesmo(a), descobrindo novos caminhos, novas paisagens, novos olhares, aprendendo com o fracasso para construir um futuro mais verdadeiro. A superação consiste em não jogar fora as batutas – mas reger a vida de forma clara, sincera e esperançosa em si próprio(a), a fim de que se alcance o outro.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Férias

Enfim às férias... Hoje, excepcionalmente, tenho minha última prova de Ética Jurídica. Na verdade será uma prova tranqüila, somente para aumentar a nota final, uma vez que já passei na disciplina.

Como de costume, desliguei o celular e não recebi telefonemas, quis ficar mais, como diria alguns amigos: "sussa". Na verdade, em época de provas se não desligar o telefone, não estudo! O Bom que a partir das 20hs e 30min estarei oficialmente de férias.

Bem, acho que agora vou poder descansar, e curtir bem mais esse espaço aqui. Tô me divertindo com as postagens, e o blog ficou até legalzinho!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

SEMELHANTES, MAS DIFERENTES!

Não é nada fácil ter que lidar com o diferente, embora acostumados a lidar com o mesmo (o diferente) diariamente, a final, ninguém é como ninguém, somos todos diferentes, salvo às semelhanças. Tais se revelam pelas afinidades, mas, ainda sim, não são concludentes à aferição da igualdade absoluta. Sendo assim, vou tentando entender tantas coisas: sim que não é sim, não que não é não! Complexo? Talvez...

Ontem estudava para minha prova de Direito civil, que faço logo mais às 19:00hs, quando comecei a bater um papo com um amigo pelo MSN, para relaxar... Ele me contava uns lances meio trucados sobre ele, desabafava. Eu o sentia preso, pesado, talvez, sufocado... Enfim, tanto rigor, tanto pudor, uma moral "superegóica", exacerbada. Bem, foi quando sugeri a ele que tirasse a roupa, e fosse fazer uma caminhada, assim, pelado, pelo quarteirão no entorno de sua residência. Não deu outra, ele pensou que eu estivesse debochando ou algo próximo. Na verdade falava sério, foi quando o comuniquei de pronto, e ele ficou atônito (sei disso, pelo jeito e por ele ter dito também).

Sou adepto do naturalismo, quando viajo, às vezes freqüento praias para banhistas naturais. E percebo que muitas neuras que fazem parte de nós estão, simplesmente, pelo fato do pudor que não é pudor! Ou do querer que é negado, sem um motivo real. Obviamente, que se ele saísse à rua nu, seria detido cometendo ato ilícito- atentado violento ao pudor. Mas ainda sim falava sério! Não para que ele saísse ao natural, mas para que determinado peso moral fosse quebrado.

O engraçado da história- ele me achava demasiadamente louco por recomendá-lo tamanha insensatez- e eu o achava louco por desmedida punição e culpa, em um fato tão corriqueiro e cotidiano (não digo andar pelado por aí, e sim o fato que o envolveu, e o deixou no estado de irritabilidade e apreensão). Daí digo, vai entender a diferença somos semelhantes, mas tão diferentes!

Sociedade dos poetas mortos

A quebra dos estereótipos educacionais proposta pelo professor em questão, John Keating, remete os alunos a novas possibilidades e visualizações acerca do mundo em que vivem, ou que deveriam viver. Isso faz brotar nos jovens novos sentimentos, sempre com o insistente auxílio de John Keating pela quebra de barreiras impostas pela sociedade, família e instituição, o que fica bem claro com a morte da personagem Neil Perry, que se remete à vida enquanto ela ainda lhe oferece possibilidades de proveito a cada momento, relação direta com uma frase muito usual na trama: Carpe Diem (aproveite o dia). Ele a sacrificada em suicídio pela causa mais justa relatada no filme, a truculência contra os anseios pessoais e imposições profissionalizantes, educacionais, capitalistas, enfim, que são expoentes da sociedade global mundial.

Nos 129 minutos de filme, são mostrados a importância dos sentimentos humanos que superam quaisquer imposições sociais, é o íntimo de cada pessoa sendo mais valorizado que as regras impostas pelo coletivo, é a quebra para a renovação. Entretanto, a aparente quebra de regras, mostradas como sendo o eixo central da trama, se contradiz com a própria formação da Sociedade dos Poetas Mortos, onde todos têm que ler poemas, produzir versos, reunir-se em horários definidos, entre outras, para se tornarem mebros efetivos. A Sociedade referencia poemas de autores renomados e dos próprio personagens, como sendo renovadores e estimuladores de ações e pensamentos.

O drama é muito bem construído, com imagens fortes que retiram dos atores os sentimentos que precisavam se mostrar encobertos. Robin Williams, como é de praxe, submete os pensamentos dos espectadores a uma introspecção e auto valorização humana. A escolha de uma instituição preparatória ortodoxa foi muito bem explorada, já que, tradicionalmente, os pensamentos acerca de um local como este remete a todos a um ambiente fechado, com regimentos fortes e invioláveis, truculento e altamente insensível com o ser humano. Todos estão alí pela instituição, que dá em troca a sustentação necessária para sobreviver no mundo cada vez mais individualista.

domingo, 15 de junho de 2008

Tarde de domingo

Tarde de domingo... o tempo mudou de uma hora para outra... Antes um sol escaldante, agora um céu triste, fechado... Mas uma coisa é certa: finalmente estou pondo em prática o que combinei com meu grande amigo, até a presente data, apenas virtual, que é nada mais nada menos que um blog em conjunto!

É minha primeira experiência escrevendo sobre mim, o que se passa em meu interior.. nunca tive diário ou algo do tipo... Vai ser legal, ainda mais que estarei compartilhando aqui com meu amigo.

Sou sagitariano e, como tal, costumo pensar muito, refletir muito sobre tudo... Caminho pensando, tanto que passo despercebido sem cumprimentar muita gente.. (risos). Diante disso, quem pensa muito tem muito o que dizer, mas às vezes nem sempre temos com quem falar, pois todos estão correndo em busca de um espaço neste mundo louco!!

Finalemnte achei um jeito de tentar externalizar tanta coisa que fica remoendo aqui e não tem como falar... Sinto que achei aquela praia deserta que a gente que pra gritar, quando tem muitos problemas e não sabemos como resolver num primeiro plano..

Eita!

Pra finalizar esta mensagem incial, reitero que estou apreciando muito a idéia de ter um blog, principalmente porque se trata de uma pessoa muito importante, pela qual guardo um carinho especial, mesmo se tratando de uma relação ainda virtualizada. Mas, penso que a amizade pode transcender qualquer barreira, eis que assim me sinto.

E que venham mais e mais idéias, inúmeras postagens!

HANNIBAL

Hannibal é o tipo de filme 8 ou 80. Ou você gosta ou detesta quando Lecter, o canibal, dá de comer o cérebro flambado na manteiga ao próprio dono. Eu gosto da ironia da cena, mas não tenho cenas preferidas. Quando assisti a primeira vez, me interessei também pela cena da ópera onde Lecter assiste uma peça em Florença, talvez. Depois esqueci. Porém, dessa vez, prestei atenção e a partir de algumas palavras consegui achar a letra em um trecho de "La Vita Nuova", de Dante Alighieri. Estranho, porque Dante não compôs óperas, certo? Certo. "La Vita Nuova" conta a história de amor entre Dante e Beatriz, uma menina que ele conheceu aos 9 anos de idade e reencontrou 9 anos mais tarde, aos 18. É feita em prosa, com alguma poesia e comentários explicativos do próprio Dante.

Patrick Cassidy fez a melodia para o soneto, criado a partir de algumas frases da terceira parte do livro ("E pensando di lei mi sopragiunse uno soave sonno, ne lo quale m'apparve una maravigliosa visione..."). Tudo criado especialmente para o filme. É uma belíssima música e é a única gravação dela. A letra tem um quê de canibalismo e deve ter sido o link que queriam ao utilizá-la. Explica-se: nesse trecho do livro, Dante narra um sonho que teve onde o amor (sujeito) aprisiona Beatriz com seu abraço, que por sua vez tem nas mãos o coração de Dante, que é comido. É uma letra de amor e pode ser encarada como metáfora na boa, mas não se engane. "Veja meu coração" é dito literalmente.

Doido, não? Pois é. Bom mesmo é ter o controle nas mãos.

Vide cor meum (Veja meu coração)
Coral: E pensando di lei ( E pensando nela )
Coral: Mi sopragiunse uno soave sonno ( Me vêem sonhos suaves )
Mulher: Ego dominus tuus ( Eu sou seu mestre )
Mulher: Vide cor tuum ( Veja seu coração )
Homem: E d'esto core ardendo (core ardendo) ( E este coração ardente )
Mulher: Cor tuum ( Seu coração )
Coral: Lei paventosa ( Ela treme )
Homem: Umilmente pascea. ( Come obedientemente )
Mulher: Appreso gir lo ne vedea piangendo. ( Com pesar eu o vi se afastar de mim )
Homem: La letizia si convertia ( A alegria é convertida )
Homem: In amarissimo pianto ( Em amargas lágrimas )
Mulher: Io sono in pace ( Eu estou em paz )
Homem: Cor meum ( Meu coração )
Mulher: Io sono in pace ( Eu estou em paz )
Homem: Vide cor meum ( Veja meu coração )
Coral: Vide cor meum ( Veja meu coração )
Coral: cor meum ( Meu coração )
Coral: Vide cor meum ( Veja meu coração )

Aqui estou eu!

É, pode parecer estranho... com certeza é! Mas, aqui estou eu, mexendo nesse blog, que nasceu na inspiração conjunta com um amigo virtual que tenho. Parece estranho, pois ele deveria estar aqui, junto comigo, trabalhando na criação do mesmo, mas, ele nem deu o ar da graça nesse fim de semana. E o mais estranho ainda é minha prova final de Direito civil que tenho amanhã. Deveria estar estudando para fazê-la, mas, simplesmente, não consigo. A vontade de mexer por aqui é maior que eu!

É fascinante à idéia de poder escrever em um blog, coisas tão particulares e, ao mesmo tempo, compartilhar esse mesmo espaço com um amigo que nunca tive o privilégio de conhecer pessoalmente. Gosto de fazer amigos por onde passo... Muito embora, nos últimos tempos, descobri que ter verdadeiros amigos é coisa rara, exatamente por ser algo tão difícil, tão complexo. O ser humano é diverso e complicado (incluo-me aqui), as pessoas não dizem o que pensam. Parece-me que só fazem um pedido: de manter viva as esperanças de um dia se realizarem, e nada mais!